CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Debate sobre Media e Violência Policial

O CMA-J é um dos participantes num debate que terá lugar na próxima 5ª feira, 29 de Janeiro, pelas 21h30 na Casa do Brasil (Rua São Pedro de Alcântara, 63, 1ºD, Lisboa) sobre "Media e Intervenção Policial". Entre os temas em debate estará o recente assassinato de Kuku pela polícia. O evento é organizado pelo GAFFE (Grupo A Formiga Fora da Estrada).

Novos protestos em Almada

Conforme previsto, dezenas de pessoas concentraram-se no dia 23 em Almada, na sequência dos protestos do dia 17, para celebrar a zona pedonal e protestar contra a violência policial da semana anterior. Não houve confrontos directos, mas sentiu-se a presença agressiva dos polícias que, de cara tapada, empurraram o grupo de manifestantes para as margens da zona pedonal.

Durante a concentração foram distribuidos panfletos aos transeuntes e houve animação de rua, incluindo uma performance em que um dos manifestantes se deitou no chão e outro lhe deitou farinha por cima para que o corpo ficasse marcado no chão. Um dos objectivos da concentração era alertar para o perigo de atropelamento numa zona "pedonal"... aberta ao transito!

Seguiu-se a “marcha do caracol”, que percorreu a parte da zona pedonal aberta aos automóveis, tendo estes continuado a circular, por vezes mesmo a alta velocidade e subindo a linha do metro, em total desrespeito pelos peões e pela marcha. Foi nesta sequência que surgiu o Corpo de Intervenção da PSP de cara tapada, que actuou de forma intimidatória, empurrando os manifestantes para a berma, apesar de estarem a caminhar numa zona pedonal!

Muitos dos moradores presentes, apesar de não integrarem a marcha, manifestaram o seu apoio ao protesto. Estão previstas novas iniciativas, incluindo um abaixo-assinado em defesa da zona pedonal. [Foto: GAIA]

Concentração de Solidariedade com o povo da Palestina

Está marcada para o próximo sábado, dia 24 de Janeiro, pelas 15h, no Largo Camões, em Lisboa, uma Concentração de Solidariedade com o povo da Palestina. O CMA-J é uma das organizações que convocam esta acção e apela à participação activa de todos, contra a agressão sionista ao povo palestiniano mártir.

Concentração na Amadora:
Basta de impunidade da polícia !

Cerca de meio milhar de pessoas acorreu ontem à tarde junto à esquadra do Casal de S. Brás, Boba, Amadora, para exigir justiça para o jovem Kuku (de 14 anos) vítima das balas à queima-roupa de um agente da PSP.

Pese embora os obstáculos criados pelas várias rusgas è entrada dos bairros da região de Lisboa, usadas de uma forma intimidatória, quer ainda apesar da campanha de contra-propaganda orquestrada pelos vários media, caso do DN e da TVI, ao rotularem a manifestação de acção marginal e inconsequente, apesar de tudo isto, os presentes exigiram justiça e condenaram as práticas de cerco sistemático da polícia aos bairros pobres, uma revanche de energúmenos fardados que faz lembrar outros tempos.

Ficou evidente que é preciso pôr cobro a todas estas injustiças há muito silenciadas!

Violência policial em Almada

Três pessoas foram feridas e duas detidas em consequência da violência policial exercida de uma forma gratuita sobre cerca de 3 dezenas de cidadãos na passada 6ª feira, 16 de Janeiro. O "crime" que cometeram foi o de estarem a conviver na chamada zona "pedonal" recentemente construída na cidade de Almada, reclamando-a para os peões, já que na realidade ela é usada diariamente por táxis, autocarros e outros veículos automóveis.

Esta forma de manifestação da sua indignação levou a que a PSP actuasse de uma forma completamente desproporcionada, com empurrões e bastonadas, quando estava a actuar um grupo musical, e que procurasse identificar pessoas presentes que, perante uma situação de enorme injustiça, procuravam recolher imagens através de câmaras fotográficas e telemóveis.

Esta intervenção policial foi acompanhada de toda a espécie de imprompérios contra os presentes, revelando que civilidade é coisa que não abunda por essas paragens.

Solidarizemo-nos com os agredidos e mostremos todo o nosso repúdio por mais este acto de violência policial!

Está já convocada uma iniciativa de protesto contra violência policial e de defesa de uma verdadeira zona pedonal, para a próxima 6ª feira, 23 de Janeiro, às 16h, no centro de Almada.

Mais um jovem negro e pobre assassinado pela polícia

[Recebemos o seguinte comunicado da Plataforma Gueto, que reproduzimos na íntegra.]

A plataforma Gueto não pode deixar de denunciar mais uma execução sumária, com pena de morte, dum jovem negro por parte da polícia, e um julgamento injusto feito no tribunal dos media, que condenou o nosso irmão e absolveu mais um assassino.

Uma perseguição policial do passado domingo, 4 de Janeiro, às 21h, ditou a morte de Kuku, com apenas 14 anos.

Segundo a versão “oficial” de fontes policiais os agentes identificaram o carro furtado, onde seguiam 4 jovens, no bairro de Santa Filomena. Por não terem respeitado a ordem para parar, a polícia iniciou uma perseguição que só acabou no bairro da Quinta da Lage quando os jovens abandonaram o carro e continuaram a fuga a pé. Depois de terem disparado tiros para o ar, a polícia alega que Kuku, que foi o último a sair da viatura, apontou uma arma de calibre 6.35 a um agente, tendo este, em legítima defesa, disparado um tiro que o feriu mortalmente na cabeça. Outro irmão foi ainda atingido com uma bala na perna.

Ainda na sua versão oficial a polícia declara que o agente não atirou a matar. Quem não quer matar não aponta uma arma à cabeça, portanto a intenção do agente era matar ou teria apontado a outra parte do corpo.

Na manhã seguinte, os media iniciaram a sua propaganda, usando apenas as fontes policiais, para sujar a imagem do jovem e legitimar a acção do polícia, alegando que se tratava de um jovem referenciado por crimes violentos.

Com esta propaganda os media conseguiram transmitir a ideia de se tratar dum jovem violento que era uma ameaça para os agentes, e para a sociedade, bem como glorificar a polícia por mais uma “missão cumprida”: assassinar um negro.

Como se não bastasse a idade de Kuku, 14 anos, para que este não pudesse ser considerado um criminoso violento, o mesmo foi referenciado como tal apenas por furtos, dos quais não resultou nenhuma condenação. Ainda que tal tivesse acontecido, em nenhum dos casos houve uso de violência. Tendo em conta aquilo os media têm propagandeado nos últimos meses como “criminalidade violenta” só prova que esta usa e abusa de tais critérios sem nenhum rigor para operar a sua propaganda racista e continuar a fomentar o medo dos imigrantes seus descendentes na opinião pública.

Segundo os jovens envolvidos na fuga, o carro em que seguiam já tinha sido furtado anteriormente, tendo estes, sabendo que estava abandonado, aproveitado o facto para nele se dirigirem ao bairro de Santa Filomena onde iam ver um jogo de futebol. Os mesmos disseram ainda que Kuku não trazia nenhuma arma consigo.

Tal como os restantes ocupantes do carro, vários amigos que estiveram com Kuku naquele dia, negam tê-lo visto com qualquer arma, e acrescentam ainda que nunca viram Kuku armado quer com faca, quer com pistola, e duvidam bastante que ele fosse capaz de apontar uma arma a outra pessoa e muito menos a um agente “Kuku era um puto... ainda que tivesse uma arma, jamais a apontaria a um bófia”. Eles descrevem-no como “calado, tranquilo, talvez até um pouco tímido”.

Estes afirmam ainda que Kuku estava marcado desde um episódio em que, logo após acordar, e tendo dormido em casa, foi abordado pela polícia na sua porta, alegadamente por ter sido visto a conduzir um carro roubado nessa madrugada. Indignado negou qualquer relacionamento com o que quer que fosse que tivesse ocorrido naquela madrugada e ao ser agredido e arrastado pelo chão, Kuku resistiu à detenção apelando aos seus direitos. A sua resistência originou ainda mais agressividade da polícia. Kuku tentou resistir e só a intervenção da mãe e outros familiares demoveu os agentes de quaisquer que fossem as suas intenções.

Kuku foi julgado e executado pela polÌcia à semelhança de Angoi, Tony, Tete, Corvo, PTB, etc. Nos últimos meses, vários irmãos foram perseguidos e agredidos nas ruas, nas carrinhas e dentro das esquadras. Este não foi um acidente, nem um acto isolado, foi o desfecho que já esperávamos. Destes assassinatos e agressões nunca resultou uma única condenação. Pelo contrário, a polícia tem sido aplaudida pelo Ministro da Administração Interna e pela opinião pública manipulada pela propaganda racista dos media. Resta uma conclusão: face a esta impunidade a polícia tem “luz verde” para matar jovens negros em Portugal. Já náo acreditávamos que fosse feita qualquer justiça nos tribunais mas agora sabemos mais que isso.

Num país que nem aplica a pena de morte, até um “criminoso violento” teria direito a um julgamento antes de ser executada qualquer pena. Mas para nós, negros, a pena de morte está em vigor e a “justiça” não é lenta, é veloz, feita na hora pela polícia. O nosso julgamento é feito todos os dias na imprensa matinal e no noticiário das oito.

Apelamos à mobilização de tod@s os irm@s contra a violência policial, a propaganda racista e contra a opressão autoritária. Se a impunidade, o conformismo e o silêncio continuarem, os assassinatos continuarão também.

Apelamos também ao apoio à realização dum funeral digno para Kuku na compra do Cd dos Mentis Afro, duma T-shirt do Kuku, ou através de donativo para o NIB 0010 0000 27703050 0022 0. Para mais info, escrevam para o mail indicado em baixo.

Plataforma Gueto. Sem Justiça não haverá Paz.
Plataforma.gueto@gmail.com

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